Por que não aprendemos no passado?
Para responder a essa pergunta temos de tentar voltar ao passado e lembrar de como a escrita nos era proposta... haaaa, acabo de lembrar uma situação: os professores davam uma figura qualquer, solicitavam colá-la no caderno e escrever sobre ela. Também davam um tema sobre o qual deveria escrever algo. E que mal há nisso, você pode questionar? O mal é que nesse tipo de proposta elimina-se um requisito básico para a escrita de um texto, isto é, ter uma razão para escrever; uma motivação real (que faça sentido para quem escreve). E não pára por aí. É necessário que haja informações, fatos, comentários etc. a partir dos quais o texto possa ser escrito.Propostas desse tipo são práticas passadas? O que mudou? Talvez as figuras mudaram. Ainda hoje em nossas escolas há muita atividade de cópia, ditado e análise sintática, mas pouca prática de reflexão sobre a construção dos textos e seus sentidos; pouca prática de escrita significativa de textos, uma realidade que se arrasta ao longo da vida escolar e provoca conseqüências desastrosas. Quem não tem a prática constante de leitura e escrita fora da escola, acaba sendo estigmatizado e rotulado, equivocadamente, de disléxico por professores, fonoaudiólogos, psicólogos etc., como já vi ocorrer com N crianças, adolescentes e até jovens universitários. Eles não tinham qualquer “doença”; somente passaram por um processo de ensino da leitura e escrita em que não lhes foi dado um espaço para o errar e o reconstruir de maneira inteligente, para o pensar e o refletir.
Só para não acharem que é um exagero tudo isso que estou falando, vou contar um caso (se quiserem posso contar outros): recentemente uma aluna do curso de Letras de uma universidade particular me disse que a professora propôs a seguinte redação em sala de aula: “escrevam um texto com o provérbio ‘o mesmo risco que corre a minhoca, corre também a enxada’”. Então lhe perguntei: “qual foi sua sensação ao tentar escrever?” Ela me disse: “Eu simplesmente não tinha nada pra dizer... como a maioria dos alunos, eu nem conhecia aquele provérbio... aí tentei achar um sentido, mas não gostei do meu texto”. Percebendo que a aluna não entendeu o porquê da sensação que lhe gerava culpa, comecei a explicá-la sobre o que já disse aqui...dos requisitos para se produzir um texto etc.
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